domingo, 9 de outubro de 2016

II Encontro ROMED

Viagem foi o nome dado à instalação para comemorar o II Encontro ROMED.


A instalação remete-nos para o percurso histórico, cultural e geográfico feito pela comunidade cigana ao longo de vários séculos, percurso esse que serviu para enriquecer esta cultura nas suas vivências, musica, dança, credos e toda uma estrutura social.



A Viagem assume-se como uma roda, símbolo da comunidade cigana, uma analogia ao povo caminhante. É uma instalação interactiva cuja principal intenção é acentuar a ideia de convite, somos convidados a participar, a descobrir... e a entender!

Nesta roda existem seis gavetas que contêm algumas das características mais marcantes do povo cigano, o convite feito ao observador é que descubra o que há dentro de cada gaveta e compreenda a odisseia feita por um povo que ao longo de séculos assimilou um pouco de cada cultura com que se cruzou no seu caminho e como deixou um pouco de si.

Todos os materiais que constituem esta instalação foram reaproveitados, tiveram uma vivência, uma função, e depois, sem perder a sua essência passaram a fazer parte de uma nova vida. Um pouco à semelhança do povo nómada, dos ROMA, de todos nós que já fomos e ainda somos de certa forma nómadas. Fragmentos de móveis e de memórias que são uma analogia à própria viagem e a nós próprios, quando começamos o que somos e as influências que recebemos por onde andamos até concluirmos essa viagem, se é que alguma vez a concluímos!!


Créditos

1ª imagem: Leonor Brilha, imagens seguintes Olga Neves.

Todas as fotos da comunidade cigana integradas na instalação, foram gentilmente cedidas por Almerindo Barbosa Lima.











A manta de tecido em forma de circulo representa neste caso as andanças feitas pelo povo cigano e na realidade por todos os povos, pois a evolução de qualquer sociedade é feita a partir dos lugares por onde o homem andou e se instalou, do conhecimento que reteve e do conhecimento que deixou. Os costumes e cultura dos povos não são mais que a herança de todo esse processo, dessa viagem que começou algures!





No lado oposto da "manta" há um mapa com o qual o visitante pode interagir e registar o percurso feito pela comunidade ROMA.







Seis Gavetas


Casamento I




O casamento é o momento que provavelmente junta mais elementos da comunidade. Neste dia, homens preparam a refeição que será degustada por todos. Homens que casaram segundo as regras da comunidade continuam na festa, os outros que não esperaram pelo dia do casamento, que fugiram ou que amaram fora da lei saem.

As amêndoas são como o arroz, como as pétalas de rosa... são simbólicos e passam por todas as culturas, dão sorte, simbolizam fecundidade e tudo o que se queira acreditar quando se inicia um novo ciclo na nossa vida.

O vermelho representa o sangue... imperativo!! Também é sedução ou amor, ou força... ou sangue que não deve ser quebrado.

O bordado e as penas aproximam-se da leveza do feminino e de todo o conceito de preparação para esse dia.






Música II

Associada à festa, à alegria, ao dia a dia, esta gaveta é interactiva e aqui podemos ouvir vários grupos ciganos, cantos espontâneos, conversas cruzadas ou conversas que se transformam em cânticos.






Luto III

Gaveta dedicada à separação física mas nunca espiritual. Cabelo rapado, lenço branco, desapego do mundo exterior e material, barbas compridas, jejum... e que mais?? 

Uma dor que teima em não partir, roupa negra que cobre corpos outrora cheios de cor e brilho, encerra um coração que está ligado para sempre. A quem pertence? Ao viúvo, à viúva, ao pai, mãe, irmão? ... Chama-se amor.







Livro dos Provérbios IV

A quarta gaveta guarda o Livro dos Provérbios, provérbios esses que considerei pertinentes no objectivo deste encontro.





O livro mostra uma série de conhecimentos relacionados com experiência de vida e a forma como olhamos e entendemos o outro. É um objecto que convida à descoberta, à aprendizagem e à tolerância.

E tal como um viajante salta da gaveta, desdobra-se, convive com quem o lê, volta a enrolar-se e continua a viajar.
















Cerâmicas na Loja de Torres

Os mais recentes trabalhos em cerâmica chegaram à Loja de Torres, são pequenas histórias em quadradinhos cerâmicos que descrevem a cidade de...